Condições rigorosas para financiamento de veículos pressionam ainda mais o setor automotivo em crise

A indústria automotiva da Tailândia registrou uma queda de 19,28% na produção durante os primeiros 10 meses de 2024 em comparação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com o relatório divulgado na segunda-feira pelo Clube da Indústria Automotiva da Federação das Indústrias da Tailândia (FTI).

Entre janeiro e outubro, a produção totalizou 1,24 milhão de unidades, sendo 384.952 destinadas ao mercado interno e 861.916 para exportação, conforme informou Surapong Paisitpattanapong, vice-presidente do clube.

Ele destacou que as vendas internas de outubro alcançaram 37.691 unidades, uma redução de 36,08% em relação a setembro. Este foi o menor volume registrado em 54 meses, desde os bloqueios causados pela pandemia de Covid-19.

Surapong atribuiu a queda nas vendas e na produção automotiva aos critérios mais rigorosos adotados pelas instituições financeiras para concessão de crédito, como forma de conter os índices de inadimplência.

Até o terceiro trimestre deste ano, os financiamentos automotivos totalizavam 6,36 milhões de contratos, uma redução de 3% em comparação ao ano anterior, ou seja, menos 199.655 contas. O valor totalizou 2,46 trilhões de baht, uma queda de 5,8% em relação ao ano anterior.

Os índices de inadimplência (NPLs) no setor automotivo aumentaram quase 30% em sete meses de 2024, ultrapassando 259,33 bilhões de baht. Além disso, os empréstimos no grupo de menção especial (SM) também subiram, atingindo 208,57 bilhões de baht.

Outro fator apontado por Surapong para a retração nas exportações de veículos foi o impacto das guerras Israel-Hamas e Rússia-Ucrânia, que reduziram a demanda por automóveis em vários países.

Diante deste cenário, a FTI revisou para baixo a meta de produção automotiva da Tailândia em 2024, de 1,9 milhão para 1,5 milhão de unidades, com um valor estimado em cerca de 240 bilhões de baht. Este é o menor nível de produção em 4 anos.

O presidente da FTI, Kriengkrai Thiennukul, alertou que a redução na produção automotiva deve impactar operadores na cadeia de suprimentos, principalmente os fabricantes de peças.

“Em breve, podemos ver fábricas de peças reduzindo os dias de trabalho de 3 para apenas 2 dias por semana”, afirmou.

Kriengkrai apelou às autoridades para priorizarem a concessão de crédito para compradores de caminhonetes, cuja produção caiu 40%, o maior declínio entre todas as categorias de veículos. Ele destacou que esses veículos utilizam entre 80% e 90% de componentes locais.

“As caminhonetes são essenciais para agricultores e pequenos empresários. Estimular as vendas pode ajudar a resolver o problema da dívida familiar, aumentar a arrecadação de impostos e contribuir para um PIB mais elevado”, concluiu o presidente da FTI.